quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Intermitente

 

O limiar intermitente entre o ar que entra, oxigena o corpo e o sopro de partir. Um intermitente interminável. O simples pulsar que para. O parar por um segundo. O estar e não estar. O ficar e ir. O gritar e falar baixinho. A criatura que parte sem dizer nada. O nada que se transforma, transmuta, transcende, pula baixinho e canta. Um passarinho que bebe água, aninha-se, voa e revoa. Algumas palavras soltas que organizam-se num papel em branco, o relato do facto. O facto que já aconteceu e vai acontecer intermitentemente, até o fim do pensamento. A criatura que sobrevive. A criação que  transforma-se e se’cria.